infelizmente, o hábito de olhar para o próprio umbigo ainda é da maioria dos brasileiros. grande parte da população ainda não percebeu que garantir o direito do meu igual é garantir o meu direito também. recentemente passei num concurso público e, como ainda estou me recuperando da operação no meu pé esquerdo (lei-se estar desempregada), entrei na comissão representativa dos concursados a fim de garantir minha vaga e seguir os passos de meu defunto pai como funcionaria pública.
durante última reunião, expuz os problemas e as questões jurídicas que podem me impedir de ser nomeada e ainda falei que todos os aprovados para a mesma função que eu estão na mesma condição. perguntei, então, se a comissão tinha uma noção de quantos outros aprovados estariam com as mesmas dificuldades que a minha. a resposta geral, para minha surpresa, foi: "cuide da sua vaga, faça o que for preciso para que saia a sua nomeação e não se importe com os outros porque isso pode te prejudicar".
naquele instate, parte de minha alma morreu. sério! pode ser um exagero literário ou uma impressão exarcebada de deprimido, mas, durante aquela reunião, senti meu coração diminuir e faltar sangue no cérebro. em princípio, nos reunimos para nos fortalecermos e garantir o direito de cada um, mas vi que grande parte daqueles sentados diante de mim pedindo meu apoio poderiam me descartar a partir do momento que conseguissem o que queriam. apesar do discurso sindicalista "uni-vos!", apesar de jurarem que não me abandonariam se fossem nomeados antes de mim e me pedirem apoio à "nossa" causa, vi que a mentalidade ali era de cada um por si.
tenho a impressão que esse tipo de pessoa está mais apto a se transformar um um funcionário público brasileiro. aquele funcionário acomodado em seu cargo, com um ar blasé que ignora o fato de ele ser um servidor público (cuja função primordial é servir ao bem comum) e manda emoldurar e pendurar na parede atrás dele o artigo 331 do código penal como prova de seus poderes quase divinos sobre os meros mortais que não são ele.
até considerei desistir da comissão dos concursados, mas percebi que poderia fazer mais por mim se continuasse a lutar pelo direito de todos em que estão na mesma situação (um pensamento paradoxalmente egoísta). desconsiderei o conselho da comissão e estou entrando em contato com os concursados em situação similar a minha para que eu, como membro de uma comissão representativa, possa falar e ser ouvida
"Todos juntos somos fortes
Somos flecha e somos arco
Todos nós no mesmo barco
Não há nada pra temer
- Ao meu lado há um amigo
Que é preciso proteger
Todos juntos somos fortes
Não há nada pra temer"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
É issae...
Nindah visita o meu lá ... http://psychococaine.blogspot.com/ visita vai...
Postar um comentário