17.8.10

Intercâmbio literario

continuando minha saga pela pretenciosa revirada cultural de goiânia, marquei na agenda:

8h às 17h – Feira do Troca Livros na Praça Joaquim Lúcio

depois de procurar no mapa onde fica essa praça, peguei uma carona com mamis e saltei em campinas com uma sacola de papel cheia de livros que não queria mais. de longe se via um banner mal feito pendurado no coreto da praça: feira de troca de livros. à frente desse banner, uma banquinha com alguns livros em cima e uma mulher sentada numa cadeira ao lado. sentada em outro banco, de frente para a banquinha, uma outra mulher com uma camiseta com a logo da revirada cultural.



numa breve conversa, a mulher do banco que parecia ser funcionaria de uma biblioteca municipal, disse que esse evento foi planejado muito rapidamente (uma semana) e não deu tempo de preparar a feira de troca apropriadamente. esclareceu, então que o que estava acontecendo ali era, na verdade, uma feira de doação: eu daria o que ela quisesse e levaria o que eu quisesse. entre todos os livros que levei para trocar, ela escolheu o código da vinci e uma versão paradidática em inglês do eu, robô do asimov. apesar de ter levado os livros, fiquei em dúvida se dava ou não do código da vinci, pois ele tinha sido um presente meu para meu defunto pai. ainda tinha uma historia de que, a adaptação desse livro para o cinema foi o último filme que vimos juntos antes dele morrer comido pelo câncer, mimimi...



enfim, larguei de sentimentalismos, copiei a dedicatoria que escrevi para meu pai e abri mão do livro. em troca, peguei uma coletania de contos dos reader's digest datada de 1965, um analista de bagé antigo e uma edição barata de dom casmurro novinha. enquanto eu esperava o ônibus para ir embora, me distraia ouvindo uma profeta louca berrar através caixa de som na praça joaquim lucio. não entendia nada o que ela falava, mas a roupa de lantejoulas que ela usava estava realmente primorosa. peguei um ônibus que deu um milhão de voltas por campinas e cheguei em casa pouco antes de minha irmã entrar pela porta da frente. ao comentar minha pequena aventura literaria, descobri que ela estava lendo o código da vinci. com a cara no chão, entreguei a ela o marcador que estava no livro e prometi lhe dar outro exemplar novinho.



"Para meu pai,
Que possamos, juntos, desvendar 
este misterioso código que vem causando 
polêmica na imprensa e na literatura mundial
24/12/2004"

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