29.6.06

Fine

estou muito triste,
meu pai morre aos poucos diante de mim e não há nada que eu possa fazer.

28.6.06

Gafe sacra


meu pai se descobriu recentemente com câncer no estômago. em fevereiro, ele teve todo o órgão retirado em uma cirurgia e até hoje não se recuperou. por causa disso tudo e da quimioterapia, meu é quase metade do homem que já foi: de 78 quilos, passou para 45.

no começo desta semana, ele foi novamente internado para mais uma vez colocar uma sonda para alimentação enteral que saiu na calada da noite enquanto todos dormíamos. esta tal sonda é um tubinho que fica ligada diretamente no duodeno e pelo qual ele se alimenta. para você ter uma idéia, uma sopinha de cento e cinqüenta mL demora, em média, uma hora e meia para passar para o corpo magrinho do meu pai.

enquanto ele e minha mãe estavam internados – pois ela fica por lá enquanto ele não sai, minha mãe encontrou um padre perambulando pelos corredores do hospital. ele disse estar visitando um amigo, mas resolveu fazer uma ronda pelos quartos a procura de fiéis mesmo estando à paisana. questionada se ela autorizaria uma visita religiosa ao seu doente, minha mãe disse que sim. afinal, que de mal poderia com a visita de um padre?

o religioso entrou no quarto, se apresentou como enviado de deus e perguntou a meu pai se ele era católico e gostaria de se confessar. meu pai assentiu que sim, mas se recusou a fazer qualquer confissão não sei se por alguma convicção ou por medo de ser questionado se gostaria de receber a extrema unção.

padre: quando foi a última vez que o senhor se confessou?
pai: faz algum tempo.
padre: no seu casamento?
pai: não, na ,minha primeira comunhão.
padre: ah-ha, então isso tem mais de sessenta anos! (meu pai tem sessenta e dois)
pai: ...
padre (para minha mãe): ele é seu pai?
mãe: ...
padre:...
pai: ...
padre: uma benção você aceitaria?
pai: não vejo problema nisso.

o padre, então, abençoou meu pai, minha mãe, minha família e toda a humanidade e deixou os dois sozinhos no quarto.

pai: foi você quem chamou este padre aqui?
mãe: nunca vi este homem em minha vida.

dizendo isso, pegou o controle da tv e fingiu assistir desinteressada algum programa qualquer.

24.6.06

Papo lúgubre


eu: posso levar este panfleto do parque memorial de goiânia?
ela: por quê? você vai comprar um jazigo também?
eu: você já comprou?
ela: foi minha mãe. ela comprou para ela, meu pai, meu irmão e para mim. só não comprou para minha filha.
eu: é porque sua filha só tem sete anos: qualquer coisa, ela vai no colo.

23.6.06

Foto para documento é no Fujioka

ontem tive que tirar uma foto 3x4 para poder renovar minha carteira de motorista. para não ficar tão ridícula como a maioria das minhas outras fotos 3x4 que tenho em outros documentos, coloquei minhas lentes de contato, passei corretivo, base, sombra, batom, lápis, rímel e até blush. também penteei os cabelos com esmero. tudo isso para deixar de lado o visual noiva cadáver e ficar com a cara de bonequinha de luxo.
deu certo minha foto para documentos tirada no fujioka ficou aceitável.

...

depois de providenciar a nova carteira de motorista, ao sair do vapt-vupt – central faz tudo para o cidadão, me descobri sem dinheiro para ir embora. já era de noitinha, então me preparei psicologicamente para minha caminhada de vinte longos minutos: respirei fundo, coloquei play no rammstein que estava no meu toca-cd portátil e fiz uma cara bem feia e mal-humorada para espantar qualquer chato que viesse me incomodar.

todos sabem que, como já dizia a mtv, é impossível ficar fisicamente indiferente a qualquer tipo de música. isso tanto é verdade que a mizuno lançou recentemente um tênis com mp3 player e disponibiliza em seu site listas de músicas diferenciadas para cada tipo de treinamento que o usuário deseja – desde o mais suave até o mais forte.

pois é. lá estava eu, de cara amarrada, ouvindo rammstein – para quem não sabe, uma banda de metal industrial – subindo a ladeira em direção a minha casa. andava bem depressa, pois não queria ficar dando sopa para trombadinha no centro da cidade. além disso, o ritmo acelerado da música embalava minhas passadas apressadas. no meio do caminho, me lembrei de um chiclete que tinha na minha bolsa e resolvi adoçar minha caminhada com um clorets sabor menta. pobre de mim. inconscientemente, além de caminhar na batida da música, comecei a mascar a uma velocidade com a qual as minhas mandíbulas não estão acostumadas. o resultado foi uma dor de cabeça enorme ao chegar em casa.

moral da história: nunca ande e masque chiclete ao mesmo tempo quando estiver ouvindo rammstein.


20.6.06

De gatinhas (no msn)


Lady Sepulcro diz:
então
desde sexta que tem um cachorrinho chorando por aqui nas redondezas

Xuxu diz:
tadinho

Lady Sepulcro diz:
aí, hoje, mais cedo, eu subi no telhado dos vizinhos para procurar o coitado. Só não achei porque ele parou de chorar.

Xuxu diz:
tadinho

Lady Sepulcro diz:
Agora, ele começou de novo e eu subi de novo

Xuxu diz:
e aí?

Lady Sepulcro diz:
Achei o cachorrinho de uns quatro(?) meses do tamanho das minhas gatas num quintalzinho de 0,50 x 3 m. ele está numa caixa de papelão cheia de panos, com a casa fechada
aí eu falei:
“oi, cachorrinho!”
e ele começou a abanar o rabinho e correr de um lado pro outro

Xuxu diz:
hehehe

Lady Sepulcro diz:
só que ele não me viu porque eu estava no telhado e ele ainda não consegue erguer a cabeça direito.
E então ele começou a chorar de novo

Xuxu diz:
tadinho
e tem coisa prele comer lá?

Lady Sepulcro diz:
tinha um prato lá, mas eu acho que ele tava se sentindo sozinho mesmo

Xuxu diz:
ah só

Lady Sepulcro diz:
pretiiiiiiinho

Xuxu diz:
muita gente deixa os bichinhos sozinhos o dia inteiro e eles ficam tristes

Lady Sepulcro diz:
é
mas hj ele só começou a chorar agora
tive vontade de descer lá, mas tive medo de levar um tiro
antes, eu fiz barulho no telhado do outro vizinho e escutei ele dizer:
"xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiit"
igual se faz para gato
me abaixei e fiquei quietinha
quase falei
"miauuu"

Xuxu diz:
é que você é uma gatinha

Lady Sepulcro diz:
sou mesmo

Xuxu diz:
Convencida!

Lady Sepulcro diz:
Convencida, não
realista

Xuxu diz:
Hehehe

Lady Sepulcro diz:
Prrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr ^..^


17.6.06

A bosta do mundo é nossa


não gosto de futebol. nunca assisto um jogo de qualquer campeonato que seja. quando eu podia beber, ia pra casa dos amigos durante os jogos da copa, ficava bebassa e gritava feito uma louca. futebol era o que menos importava - eu queria farra.

hoje eu não bebo mais e copa do mundo não tem a mínima graça pra mim. o que me deixa puta e me faz odiar a copa é total impossibilidade de fazer qualquer outra coisa durante os jogos da seleção brasileira. em brasília, eu e outros "anti-patriotas" tentamos ir ao cinema durante o jogo, mas NADA funciona durante os jogos da seleção.

acho muito legal todo mundo de uniforme, as ruas coloridas, a agitação e o almoço do hotel ser todo verde-amarelo - arroz com açafrão e cheiro verde. no dia da estréia da seleção brasileira, fizemos a maquiagem para apresentação de "a bela e a fera" nas cores da bandeira do brasil. costumávamos fazer quatro apresentações diariamente. neste dia, fizemos apenas uma. prejuízo para o produtor, prejuízo para todo mundo que pára para ver essa coisa insignificante chamada futebol. lucro, claro, apenas para os bares e para as cervejarias.

não gosto de futebol. não há nada neste mundo - exceto dinheiro vivo - que me faça assistir a um jogo da seleção canarinho. o problema é que nem dormir eu posso por causa dos foguetes. acho que vou montar num rojão e me mandar pro espaço no próximo jogo.

15.6.06

Em brasília,

no teatro do clube dos oficiais do exército:

eu: ai! eu não aguento mais nenhuma apresentação. neste momento, gostaria de estar em casa, deitada na minha cama, passando a mão em um gatinho.

colega de trabalho: e eu gostaria de estar em casa, deitado na minha cama com um gatinho passando a mão em mim.


2.6.06

Trampando no DF

tou em brasília apresentando a "bela e a fera". a partir de segunda estarei no teatro do clube dos oficiais.
minha amiga nina será minha cicerone por aqui.

depois a gente se fala.