17.6.10

Eu ODEIO Copa do Mundo

não gosto de futebol. se não morasse em um país que se fala tanto de futebol, essa modalidade esportiva me seria indiferente, mas eu moro no brasil e a invenção inglesa envolve muita gente, muito dinheiro, muita treta de torcida organizada e ascende muito jogador pobre. em épocas normais, esse tópico consome uma boa parte das conversinhas e dos noticiários, apesar de existirem programas jornalísticos dedicados exclusivamente a matérias esportivas (principalmente futebolísticas) e que geralmente passam logo após os noticiários. acho o jogo chato, a narração irritante, os comentários dos jogadores dispensáveis e as metáforas esportivas usadas no jornalismo tão sofríveis quanto pueris. a narração merece um pequeno parágrafo.

galvão bueno. a voz deste homem, assim como a voz do faustão e o funk carioca, estão no nível 11 na minha escala de 0 a 10 daquilo que me irrita. bem, na verdade, o faustão e o funk carioca estão no nível 10 mesmo - galvão me incomoda mais.


normalmente, não dou a mínima para esse esporte e, quando esse assunto surge numa conversinha ou na tv, começo a pensar em gatinhos e como eles são fofos. porém, a cada quatro anos, um tsunami verde-amarelo toma conta do país e leva todos os brasileiros, gostando ou não, num turbilhão de bandeiras nacionais mal-feitas, faltando estrela e com o ordem e progresso escrito em preto. tudo no país começa a girar em cima dessa maldita criação da fifa. é impossível viver no brasil sem ter uma enxurrada de informações inúteis sobre TODOS os detalhes da copa enfiados goela abaixo, vindos da tv, do rádio, da revista, da boca do vizinho. até os meus gatos começam a soltar gases fazendo som de vuvuzela - só não sei se este último é alucinação ou verdade.

- BRRRRRRRRRASIL, SIL, SIL!!!

decidi que, neste ano, durante os jogos da seleção, faria algo diferente de ficar xingando no quarto para tentar abafar o som dos foguetes e das tvs sintonizadas na voz do galvão bueno. peguei o carro da mamis, soquei o xuxu dentro e, com um casal de amigos, saímos pela cidade a procura de algo menos pseudo-nacionalista para se fazer. antes do jogo, foi aquele frenesi de gente, bicicleta, moto, carro, ônibus, canarinho correndo para chegar ao seu destino antes do hino nacional começar (que geralmente é cantado assim: ouviram do ipiranga às margens plácidas / blá bláá blá bláá blá-blá-bába retumbante). depois do início do jogo, ninguém nas ruas. apenas o som irritante das tvs sintonizadas na voz do galvão bueno ecoando.

will smith sem ter o que fazer em frente à pastelaria da 84, durante o primeiro jogo da seleção 
(note que o motorista daquele carro estacionou de qualquer jeito só para chegar antes do hino começar)

rodamos um pouco e acabamos na praça de alimentação do shopping bougainville não vendo o jogo, bebendo um chopp, comendo petiscos e ainda ouvindo o som irritante das tvs sintonizadas na voz do galvão bueno. nos enxemos daquilo tudo e saímos novamente pelas ruas de goiânia tentando fujir da copa do mundo. sem ter muito o que fazer, no finzinho do jogo paramos no habbib's da praça tamandaré para tomar um chopp e comer mais petiscos.
pensa que ficamos livres da voz do galvão bueno quando acabou a partida? NÃO! coladinha na transmissão ao vivo, começou aquela bobagem televisiva de comentários de especialistas, comentaristas, desportistas e outros istas com direito a show do latino comandando a torcida bêbada em sampa. na distribuidora de bebidas ao lado do habbib's, saltaram de três carros torcedores pririguetes que seguiram comemorando a vitória do brasil-sil-sil ao som de um funk carioca no talo e bundinhas abaixadas até o chão.

nos enxemos daquela bobagem e cada um seguiu frustrado para sua casa. chegando ao meu lar, meus vizinhos comemoravam a vitória do brasil-sil-sil ao som de briguinhas de família e duplas sertanejas melosas até quase a meia-noite. como diria o senhor omar de todo mundo odeia o chris: trágico, trágico!

will smith observando os vizinhos bêbados e se perguntando se aquilo nunca vai acabar

Um comentário:

Frederico disse...

Pois é, confesso que não sou avesso a Copa do Mundo, porém não sou tão fanático assim.

Mas realmente é tudo muito chato para quem não gosta de futebol. É uma tortura, pois no Brasil, o futebol não é só um esporte, é uma religião das mais fundamentalistas.