6.3.06

Que figurino é esse?!

eu falhei ontem, mas foi apenas um dia sem escrever. você sabe como é: do ensaio da peça fui para a casa do namorado e, conversa vai, conversa vem, acabei dormindo por lá mesmo.
sei que o número de visitas por aqui anda muito baixo e que não tenho, em relação a isso, muito estimulo para escrever, porém, ando tendo alguns problemas familiares, amorosos, financeiros, profissionais, de saúde e alguns outros que não me lembro agora que seria um desperdício deixa-los apodrecer em minha cabecinha tão bonita. a desgraça foi inventada para ser compartilhada, então, seguindo esta máxima, serei altruísta e falarei um pouco sobre minha vida miserável.

sábado foi o dia marcado para se fazer as fotos de divulgação da peça que estou atuando – a bela e a fera. faz algum tempo que estou tento problemas com meu figurino e, mesmo sendo avisado, o produtor não tomou as rédeas para resolver toda essa confusão. como resultado, meu figurino não ficou pronto a tempo para a sessão de fotos. liguei para o produtor e avisei que não iria, pois não tinha como fazer as fotos do meu personagem sem estar vestida com as roupas dela. ele gritou comigo e me mandou ir para lá mesmo sem o figurino. cheguei no estúdio e ele e disse que as roupas da babete – meu personagem – estavam prontas o tempo todo e me entregou uma blusa de mangas compridas e um pena para colocar na cabeça. o figurino proposto é parecido com o de uma corista de hollywood com um belíssimo chapéu, decotes insinuantes e corselete. briguei com ele, disse que preferia ficar sem foto a usar aquele arranjo mal feito e saí bufando escada acima. na escada chorei como uma criancinha de cinco anos que não conseguiu comer o doce que queria. pensei melhor e voltei para a sala onde estavam sendo feitas as fotos.


peguei o “figurino” da babete para colocar, mas não conseguia parar de chorar. o produtor, então, veio me consolar e eu acabei colocando a roupa, mesmo contra minha vontade, e fui ser maquiada. o maquiador, enquanto passava a massa corrida na minha cara, parava de tempos em tempos para dizer “enxuga”. eu, então, enxugava minhas lágrimas com uma grande toalha de rosto.


terminada esta primeira parte, comecei, lentamente a tentar vestir o que me restava: uma pena para colocar na cabeça. neste momento, fui salva por dois atores que, condoídos com minha sub-condição, resolveram dar um jeito naquela fantasia mal arrumada, pois, como eles disseram, glamour é com eles mesmos. eles amarraram o arranjo de penas em meu pescoço, depenaram um outro arranjo de cabeça que parecia ter saído direto da sapucaí dos anos 70 para o estúdio fotográfico e colocaram um monte de penas brancas enormes na minha cabeça. diagnóstico final: um luxo! deram um espelho para eu contemplar o resultado de um árduo trabalho de cinco minutos, mas me recusei a olhar para mim vestida em algo realmente ridículo e que não tinha nada a ver com minha personagem e destoava completamente do resto do elenco.


ainda querendo chorar, fui fazer as fotos. só consegui posar porque sou uma excelente atriz e tenho total controle das minhas emoções e as fotos só saíram boas por causa da minha extrema beleza. Mas, mesmo assim, não quero nem olhar quando essas fotos horrorosas ficarem prontas para não correr menor o risco de cair no choro novamente.

Um comentário:

Marcus V. F. Lacerda disse...

Legal foi acompanhar a Adriane Galinha-esteu fazendo o social no camarote da Brahma. Uma finesse. Só faltava ter gente comendo de boca aberta.