7.3.06

O patinho feio

este é outro texto de ficção que já publiquei no antigo blog.


Era uma vez, há muito tempo atrás, um patinho que morava em uma fazenda bem longe da cidade. Mas ele não era como seus irmãos e irmãs e, por isso, ninguém queria ficar com ele. As outras mães-patas faziam comentários maldosos a seu respeito e proibiam seus filhos de brincar com ele. Apesar de viver infeliz e abandonado, sua mãe ainda o via como os outros patinhos.


Ela não conseguia aceitar o fato de ele ser gay.


O triste patinho já não se importava tanto em ficar sozinho. Até dizia para si mesmo que gostava assim. E todo o dia era do mesmo jeito: quando ele chegava com a sua Barbie para brincar, os outros patinhos iam embora. Quando ele tentava conversar sobre os testes da Capricho, eles lhe davam as costas. E mesmo à hora do banho, quando ele vinha todo alegre com sua touca rosa fosforescente, eles o deixavam só - não queriam correr o risco de o sabonete cair.


Passou–se algum tempo e o patinho continuou a brincar sozinho. Até que um dia, ao brincar à beira do lago, ele viu algo fantástico. Ele era grande, era lindo, ele era um cisne multicolorido! Sem demora, o patinho foi correndo, digo, nadando até aquele cisne mágico e, ainda muito espantado, disse:


- Nossa! Como o senhor é bonito! O que é você?
- Eu sou uma drag queen – respondeu o cisne – meu nome é Patolina dos patins.
- Como eu gostaria de ser igual ao senhor...
- Mas você pode ser como eu.
- Posso?!
- É claro que pode! Venha comigo.


E o cisne encantado levou o patinho para a sua casa. Lá começou a ensinar tudo o que sabia ao pequenino enquanto que o patinho dava tudo de si ao grande mestre.


Estes ensinamentos duraram semanas até que o patinho fosse considerado pronto. Mas, depois disso, o patinho já não era mais o mesmo. Ele estava muito diferente. Ele tinha se transformado em um cisne encantado e descoberto que havia muitos como ele em uma terra também encantada. E o patinho, não mais feio, mudou-se para lá e foi feliz para sempre em são Francisco.

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