9.9.09

Just dance

um contito para las criancitas:

Merda! Olhei o relógio, mas não soube que horas eram. Meu relógio de pulso marcava 8:30 desde as 9:00 da noite anterior. Virei para o lado, no sofá, e meu namorado continuava dormindo. Não estava a fim de beber mais e só tinha dado um tiro naquela noite. Até tinha uma grana que roubei da carteira da bela adormecida para comprar mais pó, mas foi impossível encontrar um vendedor de sonhos numa madrugada de segunda de 7 de Setembro. E eu nem sabia que horas eram.

Tentei acordar o namorado sem sucesso. TÉDIO! Já tinha bebido o bastante, rebolado a bunda ao som de Marilyn Manson e Lady Gaga, pensado em suicídio e dispensado um chato que queria me comer a qualquer custo e apesar de minhas lágrimas. Encontrei uma bibliazinha e me ocupei de queimar algumas páginas do Apocalipse com um cigarro que acendi depois que o achei em cima do PC. Decidi analisar o lugar. Metade das pessoas tinha ido embora e a outra metade havia sumido.

Dois pares de sofá que não combinavam entre si e um tapete sujo faziam de parte do cômodo uma saleta de TV. Um computador ligado a um som alto passava o mesmo playlist pela terceira ou quarta vez. Um aquário vazio de dois metros e meio, sei lá, não sou boa para medir espaços ou tempo, ficava no chão sob uma bancada que separava o terço final da sala, onde ficava uma mesa grande com muitas cadeiras. O que se destacava naquela sala não era o tapete sujo ou um monte de quadros feios na parede, nem meu namorado que roncava belamente no sofá. Sobre a bancada, uma escultura pesada, do tamanho do meu braço, mostrava um casal, em posição de missionário, fazendo sexo num vermelho vigoroso e brilhante. Fiquei imaginando que tipo de gente, além de donos de bordéis e psicólogos, manteria uma escultura daquelas na sua sala de jantar.

Não pude continuar minhas reflexões porque um entra e sai de pessoas num quarto ao lado chamou minha atenção. “Devem estar cheirando lá dentro e não me chamaram.” Empurrei a porta emperrada e entrei sem convite ou licença. O quarto não estava completamente escuro e, aos poucos, entendi que havia muita gente sem roupa por ali e nenhum pó. Enquanto não decidia se ficava ou saía, fui gentilmente jogada na cama.

Dei de cara com um amigo do meu namorado. Fiquei tão feliz por ver um rosto conhecido que o segurei entre minhas mãos e beijei sua boca. Deitei ao lado de uma garota que estava só de calcinha e reclamava dos peitos de silicone de alguém que já havia deixado o quarto. Passei a mão gelada nos peitos naturais da menina deitada. Ela continuou falando mal da outra e milhares de mãos, vindas de não sei onde, tiraram minhas botas, minha calça, minha roupa. Restou uma meia no meu pé direito, mas ela foi logo arrancada: não houve tempo ou vontade para resistências.

Uma pessoa me beijou e eu retribuí. Não conseguia parar de pensar nas minhas pernas que não depilava há mais de um mês. Comecei a acariciar um cara que tinha piercing nos mamilos e um pau pequeno e mole. Finalmente me deitei de costas e deixei que outras milhares de mãos, bocas e línguas deslizassem pelo meu corpo a revelia. Senti um peso sobre mim, abri os olhos e distingui o rosto amigo ir e vir. Já quase não pensava sobre o estado hirsuto das minhas pernas ou da minha vulva.

Dirigi o olhar para o lado e vi a dona da casa sentada sobre o cara de pau mole. Como nenhum dos dois parecia disposto a usar o pequenino, iniciei um trabalho manual na anfitriã apreciadora de arte. Ela estava sem pelos e o acesso era fácil, mas eu não sabia exatamente o que fazer. Massageei o clitóris, depois enfiei um ou dois dedos, porém ela insistia em conversar com o gayzinho embaixo dela. Nunca tinha masturbado uma vagina que não fosse a minha. Desisti da empreitada e procurei um órgão genital que fosse mais fácil de manusear. Encontrei um pênis bastante grande se comparado ao tamanho do carinha (outro amigo do meu namorado).

Dispensei o cara em cima de mim e me virei de lado para sentir o gosto daquele cacete. Ao mesmo tempo resolveram sentir o gosto da minha chavasca. Virei a cabeça e vi parcialmente o rosto do rapaz que eu conhecia. Me pareceu prazeroso estar entre amigos. o primeiro me comeu mais um pouco até ser arrancado por outras pessoas de dentro de mim. Na cama, só restavam eu e o outro cara. O resto do pessoal empenhava-se em se distrair na escuridão do quarto. O pauzão se sentou na cama e eu me sentei nele até ele ficar mole.

Para mim, aquela obscenidade já deu o que tinha que dar. Procurei minhas roupas e encontrei minhas botas montaria. Coloquei o soutien, a calça e a blusa, mas a calcinha era impossível de se achar. Calcei uma das botas sem meia e, antes de sair daquela putaria, me passaram minha peça que faltava. Dei um longo beijo ao mesmo tempo nos meus dois novos amigos íntimos e saí com a calcinha na mão.

Wish I could shut my playboy mouth
How'd I turn my shirt inside out? (Inside out right)
Control your poison babe, roses have thorns they say*


O mesmo playlist rolava alto e o namorado continuava dormindo no sofá. Me sentei ao lado dele e tentei acordá-lo. Joguei a calcinha preta dentro da minha bolsa e fiquei imaginando se devia contar ou não o que eu havia feito naquela noite. Chequei o relógio mais uma vez. Merda! Ainda eram 8:30.



*(Queria conseguir fechar minha boca de playboy / Como eu virei minha blusa do avesso? / Controle seu veneno, querido, dizem que as rosas têm espinhos)

Um comentário:

Marcellus Araújo disse...

Eu teria ficado quieto, queimando as páginas da bíblia com o cigarro. Se bem que procurar por pó e encontrar sexo não é nada ruim. O problema é que depois de o sexo acabado, continua a vontade de dar aquele tiro. Não sei...