18.5.09

Eu e minha boca

minha irmã foi para os estados unidos da américa no começo deste ano a convite de uma das minhas primas. ela foi tentar ganhar o seu butter and bread*. ficou lá uns tempos e, depois, foi para casa de outras primas minhas, filhas de outra irmã do meu falecido pai, em outra cidade, à convite delas.
*literalmente, manteiga e pão ou, em bom português, ganha-pão

minha priminha é casada com um brasileiro gente boa** e tem uma filha nascida americana com ele. minha primona é solteira e vive com eles. o aluguel está somente no nome das minhas primas. vale ressaltar que o casal é recém-covertido ao evangelhismo neo-pentecostal e minha primona não. como todo neo-envangélico, o casal tende a acreditar que tudo de ruim na vida deles é ação do demônio, inclusive comportamentos não cristãos que, talvez, eles mesmos venham a ter.
**ironia


há mais ou menos uma semana, minha irmã me contou, houve uma briga entre minha primona e o marido da priminha. minha irmã estava na casa, mas minha priminha e a filha não. a querela era sobre dinheiro. minha irmã se afastou dos dois porque a coisa estava feia e não quis se intrometer. o cara engrossou com minha primona, jogou-a violentamente numa cama e gritou que iria matá-la. minha irmã chegou no quarto e encontrou o marido da minha priminha com o punho levantado para esmurrar minha primona. minha irmã segurou o braço do cara com todas as suas forças e ele a jogou contra a parede. minha irmã se colocou na frente da minha primona, gritou "na minha prima você não bate!" e ameaçou chamar a polícia. como somente minha irmã está nos eua legalmente, ele ficou com medo da imigração americana e não bateu na minha primona, mas ficou gritando e xingando.

minha priminha chegou com a filha e encontrou a casa nesta situação. o marido lhe disse que minha irmã e minha primona eram loucas demoníacas que bebem e fumam e que toda a gritaria foi causada pela minha primona, uma descontrolada. não satisfeito, berrou que minha irmã e minha primona deveriam sair da casa imediatamente, pois eram uma péssima influência para a inocente filha dele. minha primona disse então que ele deveria sair porque, além do aluguel estar no nome das minhas primas, ele era o único que não contribuía com as despesas da casa. só para ressaltar, minha irmã disse-me que o aluguel era dividido entre três: minha primona, minha irmã e o casal.
no fim da briga, ninguém saiu e casa e as despesas continuaram a ser divida entre três.


PARTE II
(a parte da minha gigantesca boca)

acho inadimissível um homem bater em uma mulher, uma pessoa espancar uma criança ou um ser humano maltratar ou matar um animal. o agredido não tem forças para se defender.

então, uns cinco dias depois da briga, escrevi no orkut* da minha priminha que iria ligar para a polícia americana denunciando o marido dela se ele batesse nela, na filha dela, na minha primona ou na minha irmã. por isso, todo mundo seria deportado enquanto o marido crente-agressor cumprisse pena nos estados unidos.
*mais uma vez, me ferro em briguinhas de orkut e ainda envolvo pessoas que eu gosto numa espiral descendente.

assim, joguei álcool sobre cinzas quentes. a coisa tinha ficado por aquilo mesmo: "eu não pago o aluguel e você não apanha", mas eu resolvi me meter, tornar a coisa pública para que, se algo acontecesse com minha irmã, quem quisesse saberia que o marido da minha priminha não passa de um covarde que bate em mulher para poder levar alguma vantagem.

na verdade, joguei merda no ventilador, mesmo. a priminha escreveu um email para toda a família contando a versão que ouviu do marido: que ele é crente e que minha primona e minha irmãs são demoníacas. não contou a parte em que o marido só não bateu na primona por medo de cumprir um jail time**. como de praxe, respondi com palavras duras no próprio orkut e continuamos o cyberfigth***.
**tempo na prisão
***luta cibernética


ontem à noite, minha irmã me ligou dos states****, dizendo que discutiu mais uma vez com o santo casal e estava fora de casa apenas com a bolsa e seus documentos. minha irmã me contou que foi assim: estavam apenas o três e a filhinha do casal em casa. houve um bate-boca, minha hermanita bateu a porta do quarto e se trancou lá dentro. o maridão, achando um absurdo ela se trancar no quarto pelo qual ela paga aluguel, derrubou a porta no chute (você sabe como as portas e paredes americanas são frágeis). a priminha, então, acuou minha hermanita no canto do quarto enfiou o indicador na cara dela e falou coisas que fariam o próprio lúcifer ficar vermelho só de ouvir. enquanto isso, o marido ficava no vão da porta do quarto fazendo as vezes de segurança pitbull.
****precisa de tradução?

por telefone, aconselhamos, minha mãe e eu, minha irmã a chamar a polícia para que pudesse pegar as coisas dela e sair daquele inferno o mais rápido possível. a polícia apareceu e minha irmã catou os seus trastes.

a primona arrumou a casa de um amigo para que ambas passassem a noite lá e nada mais. hoje à tarde minha irmã não tinha para onde ir e nem dinheiro para alugar um quarto. minha prima da outra cidade disse que poderia vender o carro que minha irmã comprou para que ela pudesse retornar o mais rápido possível para o brasil. compramos (minha mãe pagou e eu fiquei olhando) a passagem de volta que está marcada para quarta-feira. agora estou esperando minha hermanita ligar para saber onde ela vai passar a noite.

3 comentários:

Marcellus Araújo disse...

Os crentes são uma desgraça. Tenho certeza de que Deus não gosta deles, de nenhum deles.
Filhos da puta.
Que barraco véi. :\

Anônimo disse...

eita... que história esquisita! tô com pena da morena. se conhecesse alguém por lá, a gente indicava pra ela!

louca disse...

fico imaginando o absurdo: um cara totalmente machista, que se diz crente, perigosamente violento que suga da própria esposa, escondendo seus propósitos sujos por trás de uma religião ridícula. E a mulher ainda continua com ele.