26.5.06

Sudoku improvisado

Hoje, minha mãe teve que me buscar na minha psicologista porque o chevettinho estava pifado. como eu só dirijo o chevette, pois meu pai não me deixa colocar as mãos na direção do carro dele - a não ser em casos de vida ou morte, minha mãe me pegou no gol cinco minutos pontualmente atrasados.

carona não reclama. então, lá vou eu resignadamente alegre acompanha-la até o tribunal da justiça do trabalho para que mi madrecita devolvesse alguns processos a seus respectivos cartórios. estacionamos perto de um colégio e eu fiquei no carro tentando me entreter com os poucos recursos que dispunha. peguei algumas filipetas e comecei a analisá-las minuciosamente.

olhando uma planta baixa, tentei imaginar o quão grande é um flat com 1 sl, 1/4, 1 banho, coz. / área serv. + sacada de 30 m2. não tive a menor idéia, pois sou péssima quando se trata de pesos, idades, medidas e receitas culinárias. me lembrei, então, que eu, um dia, fui inteligente, dava aulas de matemática e física e até passei em sexto lugar no vestibular de uma faculdade que estuda esta última matéria. vasculhei o arquivo morto do meu cérebro e me lembrei que se calcula a área de um retângulo multiplicando seus lados. como um dos lados parecia maior que o outro uns dois metros, cheguei à seguinte conclusão:

lado1 = x
lado2 = x + 2
área = x . (x + 2) = 30 m2

x^2 + 2x = 30
x^2 + 2x – 30 = 0

uma equação do segundo grau! lembrou? eu também. vibrei de alegria. uma simples equação do segundo grau que eu já tinha feito umas 10^n vezes. era só aplicar a fórmula de báskara e meu passatempo matemático estaria resolvido. báskara! simples e repetida inúmeras vezes, báskara. aquela fórmula de báskara bestinha que estava completa e definitivamente apagada da minha memória de mosquito para todo o sempre huá-huá-huá-huá*.

pois é. eu, o “gênio da matemática e da física” não sabia essa formulazinha que qualquer idiota de dezesseis anos com uniforme escolar sabe. qualquer um, como aquele idiota que eu via, pelo retrovisor do gol, conversando com aquelas pessoas na porta daquela escola.

eureca! minha memória não funcionou, mas minha criatividade ainda estava em boa forma. bastava perguntar ao meliante, digo, ao estudante qual a fórmula de báskara e o problema que dilacerava minha vaidade intelectual estaria resolvido.

desci do carro decidida e cheguei perto do garoto com passos firmes. tão firmes que ele teve um pouco de medo de mim e se embaraçou todo quando lhe perguntei se ele sabia resolver equações do segundo grau. e ele sabia:

x = (-b +/- √b^2 -4ac) : 2a

minha equação era:
x^2 + 2x – 30 = 0
a = 1
b = 2
c = 30

então:
x = (-2 +/- √2^2 -4 . 1 . 30) : 2 . 1
x = (-2 +/- √124) : 2

como meu celular não calculava a raiz quadrada, cheguei, por tentativas, a um resultado aproximado:
x = (-2 +/- 11,2) : 2
x = 9 : 2 = 4,5 ou
x = -13 : 2 = -6,5

como eu queria apenas o resultado positivo:
lado1 (x) = 4,5m
lado2 (x + 2) = 6,5m

tirando a prova:
área = lado1 . lado2 = 4,5 . 6,5 = 29,25 m2 (arredondando) = 30m2

nossa! uma conta tão grande só para saber que um apertamento de 30 m2 é realmente pequeno. pelo menos, foi a conta exata para minha mãe chegar e zarparmos de volta para casa.



* gargalhadas macabras a la vicent price

2 comentários:

Anônimo disse...

NOOOOOOSSSSAAAAAAAA!!!

Lady, vc surpreende este pobre engenheiro que tambem nao lembra sta merda de formula quando precisa...

Anônimo disse...

eu mandei o link do seu blog pro felipe resolver.