13.2.09

Sexta-feira 13

“uma mente perturbada vê o mal em todos os lugares.” assim disse um padre a uma evangélica que dizia que tudo que não pertencia à igreja dela era do capeta no filme “ó paí ó”.

sábado foi aniversario da hocus pocus: uma loja de revistas em quadrinhos e de uma variedade sem fim de coisitas rock n’ roll. a banda do meu xuxu foi chamada para tocar na festa e fez um show, como diria o alex do laranja mecânica, muito horrorshow. um dos motivos que fizeram a apresentação ser tão boa foi a desistência de tocar da banda volúpia di baco. dessa forma, o show do sangüínea* durou o dobro do tempo estipulado.
na quarta-feira, escrevi sobre isso uma coisa que me rendeu muita dor de cabeça em uma comunidade do orkut – este antro também sem fim de intriguinhas rock n’ roll. achei que seria engraçado e que, no máximo, renderia comentarios do tipo “que maldade” ou “você é foda rsrsrsrs”.
por causa do meu comentario, o pessoal da banda volúpia de baco foi atrás da baterista do sangüínea durante seu horário de trabalho pedir explicações. foi preciso que o guitarrista do sangüínea fosse lá para dar esclarecimentos pedidos. não satisfeito, o marlon do volúpia acabou indo na casa do tecladista do sangüínea - q é meu xuxu - pedindo, tenho de dizer educadamente, satisfações. ele chegou a falar a meu namorado, sempre em tom moderado, que eu seria uma pessoa que gosta de fazer intrigas, indigna de confiança e que seria perigoso continuar namorando comigo.

transcrevo meu malfadado escrito aqui:

“obrigado, volúpia de baco
q arrumou treta no aniversário da hocus pocus e desistiu de tocar. assim, o sangüínea tocou até não aguenter mais.”

emmanuel kant concebia o riso como uma consequência de uma tensão que se dilui subitamente quando entra em jogo algo absurdo e incoerente. para este filósofo, o riso não é provocado porque consideramos outra pessoa como alguém inferior, mas sim como uma reação a um processo que se dá na nossa própria compreensão. já platão via o hábito de rir como uma manifestação de arrogância enquanto demócrito ria-se sobretudo da estupidez humana e utilizava o riso para criticar seus desamores. na idade média, o riso era visto como algo suspeito e, somente no renascimento, a risada foi esquecida pela igreja católica.
sou partidaria de kant. não sou muito a favor de fazer piadas que denigram outras pessoas e raramente acho graça quando alguém desavisadamente cai e se machuca na minha frente. acredito que a melhor piada é aquela vinda do contraste e do absurdo, ou seja o melhor riso é aquele obtido pela da observação de um paradoxo ou de uma antítese. por isso, gosto de piadas mórbidas nas quais o sofrimento é deturpado de tal forma que a única conclusão lógica seria a de que sofrer, paradoxalmente, seria bom. a hipérbole, o pleonasmo vicioso e a auto-depreciação seriam outras formas igualmente nobres, em minha opinião, de despertar a gargalhada.

por que escrevi toda essa baboseira teórico-filosófica**? porque, infelizmente, o pessoal da banda volúpia di baco não entendeu a graça e, como todo mundo sabe, explicar uma piada é muito mais chato do que contá-la.

fato:
o sangüínea tocou o dobro do tempo estimado (isso foi bom) porque o volúpia di baco desistiu (isso foi ruim) porque o volúpia di baco arrumou uma treta (isso foi ruim).

piada:
o volúpia di baco arrumou treta e desistiu de tocar e isso fez com que o sangüínea tocasse mais, portanto, o volúpia di baco ter se dado mal foi bom porque o sangüínea tocou mais.

entendeu agora?

*pela nova ortografia, essa palavra não tem trema nem acento agudo, mas, como ainda temos dois anos para nos adaptarmos, continuarei a escrever com os acentos, pois eu acho mais charmoso assim.
**novamente, pela nova ortografia, aqui não haveria o hífen, mas achei que a palavra ficaria muito grande sem ele.

bibliografia:
“de que se riem as pessoas inteligentes?” de geier manfred cujo resumo pode ser visto no site: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=4005&op=all

filmografia:
“funny business” – um documentario em seis capítulos sobre a arte da comedia transmitido pelo canal fechado multishow

Um comentário:

Carina Dourado disse...

e o irônico é que baco é o deus do vinho... e do riso. é para ser piada, mas se o pessoal do volupia nao entender, pede para vir aqui em casa. vai ser água fervendo da janela.