19.2.09

Felis domestica


estou pensando seriamente em fazer outra tattoo. fiz esse desenho e achei legal. ah, Felis domestica é o nome científico do gato doméstico.

Perco a dignidade, mas não a piada


eu juro que é a última vez que volto a falar sobre as tretas que arrumei no orkut.

não aguentei e dei um tiro no pé. me falaram tanto que eu só arrumei confusão online para promover a banda do meu xuxu ou me promover que criei uma enquete na comunidade goiânia* rock city para "medir" a popularidade das bandas arrastadas por mim nessa confusão toda. pelo número de comentários contra minha pessoa que recebi no malfadado tópico, é claro que o volúpia di baco ganhou disparado, mas quem se importa com isso? tenho claro em minha mente que arranquei risadas de muitas pessoas que já sabiam de toda a confa.

até agora, mais de 70 orkutianos participaram da enquete e muitos deles ainda se indignaram a comentá-la não me exortando. como diria aquela propaganda daquela cerveja: "redondo é rir da vida". se beber, não dirija.

*pela nova ortografia, nomes próprios também terão que ser mudados?

retrato de Leopold Franz Johann Ferdinand Maria Sacher - Masoch

15.2.09

quem não conhece dom quixote de la mancha? a imensa maioria das pessoas, se não leu o livro de cervantes, pelo menos, já ouviu falar dele. a imagem de um cavaleiro magérrimo e maltrapilho lutando contra moinhos de vento já faz parte do imaginário popular. ainda não li tal clássico, mas a mensagem mais conhecida do livro seria: seja lúcido e não escolha batalhas que sejam impossíveis de se ganhar. minha mais recente aventura pelo mundo do orkut, depois de muito esmurrar e esbravejar contra moinhos virtuais, me fez lembrar do insensato cavaleiro de la mancha. se você não está a par desses acontecimentos, leia o post do dia 13 de fevereiro.

insanamente, achei que poderia consertar uma situação extremamente desagradável criada por mim, discutindo-a em uma comunidade do orkut que fala sobre tudo e, em especial, sobre bandas e músicas do underground goiano. no início, até que houveram manifestações a meu favor e comentários de pessoas que não me eram nem a favor e nem contra. mas elas também se tornaram alvo de ataques pessoais e, por fim, restou apenas eu contra uma infinidade de personalidades reais e inventadas que não se constrangia em me pisotear. nenhum sancho pança se atreveu a ficar perto de uma louca que tentava, em vão, se justificar e se escusar de ataques ferrenhos e, usando a palavra de um acusador, contundentes.

esse acontecimento me fez pensar em como o orkut se assemelha com a massa – aquela dos livros de teoria da comunicação. protegidos pelo coletivo e até pelo anonimato, os indivíduos não se acanhavam em dizer coisas que, dificilmente, falariam em uma conversa cara a cara. Pelos menos, em minha opinião, fui autêntica, tirei meus amigos do foco e me ofereci como alvo. a lição que eu tiro disso é de que nunca se deve enfrentar uma multidão em fúria a não ser que esteja munida de armas de destruição em massa.

13.2.09

Sexta-feira 13

“uma mente perturbada vê o mal em todos os lugares.” assim disse um padre a uma evangélica que dizia que tudo que não pertencia à igreja dela era do capeta no filme “ó paí ó”.

sábado foi aniversario da hocus pocus: uma loja de revistas em quadrinhos e de uma variedade sem fim de coisitas rock n’ roll. a banda do meu xuxu foi chamada para tocar na festa e fez um show, como diria o alex do laranja mecânica, muito horrorshow. um dos motivos que fizeram a apresentação ser tão boa foi a desistência de tocar da banda volúpia di baco. dessa forma, o show do sangüínea* durou o dobro do tempo estipulado.
na quarta-feira, escrevi sobre isso uma coisa que me rendeu muita dor de cabeça em uma comunidade do orkut – este antro também sem fim de intriguinhas rock n’ roll. achei que seria engraçado e que, no máximo, renderia comentarios do tipo “que maldade” ou “você é foda rsrsrsrs”.
por causa do meu comentario, o pessoal da banda volúpia de baco foi atrás da baterista do sangüínea durante seu horário de trabalho pedir explicações. foi preciso que o guitarrista do sangüínea fosse lá para dar esclarecimentos pedidos. não satisfeito, o marlon do volúpia acabou indo na casa do tecladista do sangüínea - q é meu xuxu - pedindo, tenho de dizer educadamente, satisfações. ele chegou a falar a meu namorado, sempre em tom moderado, que eu seria uma pessoa que gosta de fazer intrigas, indigna de confiança e que seria perigoso continuar namorando comigo.

transcrevo meu malfadado escrito aqui:

“obrigado, volúpia de baco
q arrumou treta no aniversário da hocus pocus e desistiu de tocar. assim, o sangüínea tocou até não aguenter mais.”

emmanuel kant concebia o riso como uma consequência de uma tensão que se dilui subitamente quando entra em jogo algo absurdo e incoerente. para este filósofo, o riso não é provocado porque consideramos outra pessoa como alguém inferior, mas sim como uma reação a um processo que se dá na nossa própria compreensão. já platão via o hábito de rir como uma manifestação de arrogância enquanto demócrito ria-se sobretudo da estupidez humana e utilizava o riso para criticar seus desamores. na idade média, o riso era visto como algo suspeito e, somente no renascimento, a risada foi esquecida pela igreja católica.
sou partidaria de kant. não sou muito a favor de fazer piadas que denigram outras pessoas e raramente acho graça quando alguém desavisadamente cai e se machuca na minha frente. acredito que a melhor piada é aquela vinda do contraste e do absurdo, ou seja o melhor riso é aquele obtido pela da observação de um paradoxo ou de uma antítese. por isso, gosto de piadas mórbidas nas quais o sofrimento é deturpado de tal forma que a única conclusão lógica seria a de que sofrer, paradoxalmente, seria bom. a hipérbole, o pleonasmo vicioso e a auto-depreciação seriam outras formas igualmente nobres, em minha opinião, de despertar a gargalhada.

por que escrevi toda essa baboseira teórico-filosófica**? porque, infelizmente, o pessoal da banda volúpia di baco não entendeu a graça e, como todo mundo sabe, explicar uma piada é muito mais chato do que contá-la.

fato:
o sangüínea tocou o dobro do tempo estimado (isso foi bom) porque o volúpia di baco desistiu (isso foi ruim) porque o volúpia di baco arrumou uma treta (isso foi ruim).

piada:
o volúpia di baco arrumou treta e desistiu de tocar e isso fez com que o sangüínea tocasse mais, portanto, o volúpia di baco ter se dado mal foi bom porque o sangüínea tocou mais.

entendeu agora?

*pela nova ortografia, essa palavra não tem trema nem acento agudo, mas, como ainda temos dois anos para nos adaptarmos, continuarei a escrever com os acentos, pois eu acho mais charmoso assim.
**novamente, pela nova ortografia, aqui não haveria o hífen, mas achei que a palavra ficaria muito grande sem ele.

bibliografia:
“de que se riem as pessoas inteligentes?” de geier manfred cujo resumo pode ser visto no site: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=4005&op=all

filmografia:
“funny business” – um documentario em seis capítulos sobre a arte da comedia transmitido pelo canal fechado multishow

11.2.09

Penso, logo crio logos

aqui estão as outras versões da logomarca que criei para a usina termoelétrica. você acredita que eu mandei para o cliente as logos com a palavra "design" escrita errada em todas as imagens? que vergonha...













10.2.09

Os sofrimentos da jovem(?) Lady

ando muito ansiosa nestes último dias. acho que não devia ter lido "a náusea" do sartre e talvez devesse parar de ler "os sofrimentos do jovem werther" do goethe. rapaz, tenho que dizer que ambos os livros não são muito otimistas.

bom, pelo menos, essa inquietação me fez escrever novamente e até criar uma logomarca para uma usina termoelétrica na qual minha prima trabalha. fiz quatro versões, mas a que mais gostei foi essa aqui:



agora é esperar resposta. quem sabe, posso ganhar uns trocados com meu sofrimento.

4.2.09

Turno da noite

- Chama o Vlad para limpar isso aqui, disse o sub-sub-gerente.

- Vladimir, precisam de você no salão, gritou o subalterno entortando a boca para o lado, quase cuspindo na cara do sub-sub-gerente.

Do fundo da cozinha, um homem alto se levantou de um banco baixo e se dirigiu ao balcão, empurrando um carrinho de limpeza.

- Alguém derramou refrigerante no chão. Limpe antes que escorreguem nele e processem a gente.

- Era diet ou normal?

Vlad tinha essa mania estranha de sempre querer saber que tipo de refrigerante as pessoas tomavam. Talvez achasse que pudesse classificar a humanidade em gente que bebe refrigerante normal e quem prefere tomar refrigerante dietético. Devia achar também que existia uma terceira categoria: a das pessoas que não bebem refrigerante, mas esta seria uma anomalia nos dias de hoje.

O faxineiro cruzou o salão semi-vazio até chegar à pequena poça de Coca Zero. Perto da porta, três pessoas comiam animadamente três MacLanches Felizes. Pareciam embriagados. Vlad pegou seu esfregão e, com seus olhos azuis extremamente claros, encarou por alguns segundos a pocinha de aspartame e ciclamato. Enquanto enxugava o chão, era observado pela mais jovem do MacTrio.

Vlad usava um uniforme da equipe de limpeza, porém algo nele fazia parecer que vestia um terno caro. Ele tinha que dobrar bastante a coluna para esfregar a Coca Zero, pois era alto como poucos o são. Os cabelos longos ficavam amarrados em um rabo frouxo na altura da nuca. Se gostasse de matemática, a garota diria que cerca de 30% dos cabelos daquele homem eram brancos e o resto de um preto sem igual, mas ela não era boa com números. Segundo sua carteira de trabalho, Vlad tinha quase a mesma idade do pai dela e, ainda assim, aquele era seu primeiro emprego registrado.

Com o chão seco, começou a empurrar seu carrinho de volta e, ao passar pela garota, lançou-lhe um olhar. Os olhos dele se cruzaram com os dela e uma espécie de arrepio incontrolável lhe percorreu todo o corpo, obrigando-a a se endireitar na cadeira. Ele não chegava a ser bonito, mas ela se sentiu bastante atraída por ele. A imagem de Vlad envolvendo-a com seus braços longos e bem-feitos, abraçando seu corpo magro, passou como um flash em sua mente e fez brotar nela um desejo latejante. Desconcertada, desviou o olhar e encarou o casal à sua frente, esperando uma reprovação pouco provável.

- São 4:00 horas. Vou trocar de roupa e ir embora.

O sub-sub-gerente, sem tirar os olhos do caixa que estava fechando, abanou a mão displicentemente num arremedo de aprovação.

Vlad colocou seus jeans velhos, o tênis meio sujo e vestiu a camiseta comprada na feira que acontece toda terça à noite perto da sua casa. Passou pelo sub-sub, se dirigiu até o estacionamento e se sentou perto do jardim para fumar um cigarro preto sabor canela. No caminho, sequer reparou no MacTrio que comia o resto das batatas. A garota mais nova sentiu a presença dele passando por suas costas.

Os três jovens terminaram o lanche, passaram pela porta do Mac Donald’s que foi trancada atrás deles e subiram a Avenida 85 com o som do carro num volume alto. Vlad, que estava escondido até então, voou atrás deles. O carro não ia tão rápido e Vlad podia segui-los em uma altura razoável. Logo após o cruzamento com a T-9, o carro virou à esquerda e parou em frente a uma casa próxima aos blocos do Marista. A garota desceu e mal teve tempo de fazer um tchau com a mão, pois o carro arrancou muito depressa.

- Devem estar loucos para ficarem sozinhos, pensou ela.

Olhou dentro da bolsa a procura das chaves e levou um susto ao dar de cara com Vlad que estava atrás dela. Sentiu o mesmo arrepio lhe percorrer toda espinha e ouriçar os pelinhos das bochechas. Vlad passou o braço esquerdo pela cintura dela e agarrou sua nuca com a grande mão direita. Com o coração batendo forte, a garota inclinou a cabeça para trás e se entregou num abraço sensual e apertado. Ele sentiu toda energia vital dela aquecer seu corpo frio. Inalou, em um só fôlego, todos os perfumes que emanavam dela, lambeu-lhe o pescoço para umidecer a pele e mordeu com fome.

Enquanto voava para casa, Vlad pensou como era bom ter um emprego não muito difícil, num horário aprazível e que ainda oferecia refeições gratuitas.