9.9.07

o professor pediu para eu escrever um artigo e eu fiz isso:


Mind the gap*

Recentemente, tive a oportunidade de passar duas semanas em Londres. Como uma turista típica, visitei os lugares mais freqüentados pelos não nativos e ainda pude observar um pouco da vida dos londrinos menos afortunados e dos imigrantes, pois me hospedei em um bairro relativamente pobre e distante da agitação artificial do centro. Hoje, quando me perguntam o que mais gostei naquela cidade, respondo sem hesitar que adorei o sistema de transporte coletivo de Londres.

Se me perdesse na cidade, bastava procurar um buraco do metrô para me enfiar nele e sair onde eu quisesse. Se os mapas afixados na entrada das estações não me informassem por onde ir, bastava procurar um funcionário, sempre solícito, para me orientar. É claro que falar um pouco de inglês também me ajudou nessas horas difíceis.

Locomover-me pela superfície não foi tão rápido quanto ir pelo subterrâneo, mas foi muito mais charmoso. Viajar no segundo andar dos famosos ônibus de dois pisos foi um clichê bastante prático. Além disso, nada de correria para descer no ponto desejado. Ao contrário dos ônibus de Goiânia, o motorista, tão mal humorado quanto os daqui, sempre espera o último passageiro descer para fechar a porta do “busu” em Londres.

Outro ponto positivo para a eficácia do transporte público é a obsessão dos londrinos pela ordem. Nenhum cidadão entra no vagão até que o último passageiro tenha descido. No metrô francês, a coisa não funciona tão bem assim. Depois que grande parte dos usuários desceram, uns outros começam a subir ainda dando passagem aos que ficaram para trás. Já no Terminal das Bandeiras do setor Novo Horizonte, saber um pouco de lutas marciais é útil para enfrentar a turba que entra alucinada no ônibus enquanto um pobre coitado retardatário tenta sair.

O “Underground” (metrô), o “Bus” (ônibus) e o “National Rail Services” (serviço nacional de trens) são motivos de orgulho para Londres. Isto fica bem claro ao freqüentar as lojas de lembrancinhas do Picadilly Circus. O símbolo do sistema de transporte – um círculo cortado por um retângulo – figura em camisetas, bolsas e broches com a inscrição “mind the gap”: a frase mais escutada pelos auto-falantes dos vagões do metrô. Isto, em bom português quer dizer “cuidado com o vão”.

Um sistema de transporte bem planejado, aliado a informações claras e a uma prática de conservação e uma política de ampliação constante me faz sentir saudades do ar abafado e sujo do “underground” londrino.

* Cuidado com o vão



o professor leu e disse que minha crônica ficou ótima.

Um comentário:

morchella disse...

vc esqueceu e mencionar o DLR hehehehehehe
mind the gap!