30.11.06
29.11.06
Gaia - projeto de colonização
Argumento para curta de animação
Argumento original: Januário Leal e Lady Sepulcro
Texto: Lady Sepulcro
Gaia também é um ser vivo, um organismo complexo que requer cuidados especiais, pois de seu bom funcionamento depende um número infinito de outras vidas.
Apesar da harmonia ter imperado nos primeiros 4,48 bilhões de anos de existência terrestre, nos últimos 25 mil anos esta harmonia vem sendo abalada. Além disso, a destruição tem se agravado tanto neste último século que os guardiões decidiram que é necessária outra intervenção, porém de caráter radical e odioso.
Novamente acontece o indesejado. Mais uma vez, a espécie favorita dos Criadores, a qual foi mais amada e assistida e que recebeu a dádiva máxima de todos os seres, a inteligência, falha. Durante inúmeras experiências, em inúmeros planetas, os Criadores tentaram a colonização através dessa espécie. Porém, apesar do aperfeiçoamento feito, experiência após experiência, esta forma de vida dita inteligente sempre acaba exterminando-se ao destruir completamente o ecossistema em que vive. Mais uma vez a decepção para os guardiões, que depositaram nesta derradeira experiência grandes esperanças de sucesso. Esperanças alimentadas por civilizações altamente harmônicas em relação ao seu meio, como as antigas tribos da América, os Maias, Incas, Astecas... Mas não foi possível estancar toda ganância inerente à espécie. Incrivelmente esta característica parece estar intrinsecamente ligada aos genes responsáveis pela inteligência.
Gaia está doente, ela foi infectada pela pior das pestes, a peste que tem como agente causador o Homo sapiens. O estado terminal de Gaia pede por ações imediatas, não há tempo para hesitações. Cada segundo em que a espécie humana permanece viva significa mais um passo dado em direção ao colapso do bioma. Os guardiões decidem finalmente exterminar a Homo sapiens. Essa espécie virulenta que não atingiu o seu objetivo: o de viver harmoniosamente sem abalar profundamente a homeostase do planeta.
O processo de extermíneo é inicializado. Após todos os procedimentos primários feitos, o único procedimento restante para exterminar definitivamente a humanidade é apertar um simples botão e então o processo de assepsia biológica será iniciado. Antes de apertar o indesejado botão, os Criadores sintonizam seus monitores em sua indefesa Gaia.
Encarando a tela, uma mistura de horror e culpa os invade. Sozinhos, os homens já haviam desencadeado um diferente processo de extermínio. A III Guerra Mundial chega, então, ao seu fim com milhares de explosões em forma de cogumelos, que cobrem a superfície da Terra com ondas de calor e provocam um espetáculo de proporções dantescas. Não há mais nada que se possa fazer. Nenhum ecossistema resta sobre aquela superfície agonizante, apenas vidas que não resistirão por muito tempo. Os Criadores, atônitos, fitam os monitores que tiveram o sinal interrompido. Naquela sala, permanecem apenas o criador, a lembrança de sua criatura e a eterna angústia da criação.
25.11.06
Os perigos de se dormir fora de casa
quarta, depois da peça, fui para casa do xuxu dormir com ele. ele (ainda) mora na casa dos pais e, em seu quarto, há apenas uma cama de solteiro. como ali não nos cabe de uma forma confortável, costumo colocar um colchão ao lado de sua cama para, quando me enjoar de dormir abraçadinha, rolar para cima da caminha improvisada. moral da história: ao dormir fora de casa, use armadura e capacete para evitar hemorragias internas e traumatismos cranianos. |
24.11.06
Murcho e Mulamba
ontem, fiz a segunda e última apresentação de fim de ano do núcleo de dança simone magalhães. é costume das academias de dança de goiânia fazerem pelo menos um espetáculo mostrando aos pais financiadores como seus pimpolhos estão se saindo na adorável arte da dança. para não deixar os mantenedores e convidados muito entediados e para dar um ar de unidade em toda apresentação, é comum se fazer uma micro peça teatral entre umas coreografias e outras.
neste ano, fiz minha décima primeira participação anual como atriz convidada da academia da simone. meu papel era o de mushu, o dragãozinho do desenho disneyano mulan. o figurino ficou divino. uma máscara enorme feita de isopor e tecido e um corpo de espuma revestido também por tecido. um inconveniente era o calor. a única entrada e saída de ar que existia na roupa do mushu era a gola. em cena, apenas mulan, que foi interpretado por uma garota adorável que faz artes cênicas na ufg, e o mushu.
na peça, haviam algumas cenas que eram feitas no camarote do teatro goiânia. umas duas coreografias antes da hora determinada, fui para o dito cujo. subi as escadas o mais rápido permitido pelo meu figurino, passando pela entrada da platéia superior e tentando não ser vista por ela.
no camarote, enquanto aguardava o momento combinado, decorava o texto que ainda não estava totalmente enterrado em minha cabeça de dragão preguiçoso. Como demorava um pouco, esqueci o texto e comecei a imaginar se, se eu desse um pum, o cheiro ficaria impregnado na roupa ou se sairia todo pela gola. estando sozinha, resolvi fazer a experiência. soltei um e não senti nada. alguns segundos mais tarde, toquei a corneta pela segunda vez e, para fazer o ar circular pela roupa, comecei a bater na bunda e a balançar a espuma.
por acaso, olhei para trás e dei de cara com um moleque olhando bem na minha cara. ai, que vergonha! o bichinho deve ter me visto subir a escada e me seguiu para ver o que eu faria. eu não sabia onde me enfiava. será que ele ouviu alguma coisa? pior: será que ele sentiu alguma coisa? eu não senti nada, mas o barulho que eu fiz foi bem grande.
sem mais opções, enfiei a máscara do mushu na cabeça e fiz minha cena. depois, ainda pedi para o pirralho pegar meu texto que estava no chão, pois me era impossível fazer qualquer coisa com uma luva enorme de espuma com apenas três dedos. fazer o quê? artista não pode ter vergonha, não, bem!
11.11.06
9.11.06
X - Disgraça
minha facu fica longe de minha casa. não tão longe que não dê para ir de ônibus ou de carro. o problema é que ela fica longe em um lugar meio nem lá, nem cá. minha mãe noiou com isso e decidiu que eu deveria ir e voltar de van. então, de segunda a sexta, saio de casa às 6:30 da tarde, entro na van e só volto às 11:00 da noite, quando essa mesma van me deixa na porta de casa.
na van, eu não vou sozinha, como de carro, e nem vou com desconhecidos que, no ônibus, agradavelmente me ignoram e eu retribuo o favor os ignorando também. tenho colegas de van. colegas que gostam de se sociabilizar. como na maioria dos rendez-vous sociais, essa sociabilização envolve comida. já saímos para comer pizza e, ontem, paramos em um pit-dog para comer x-salada.
pedimos, comemos e eu fiz as contas e a coleta do dinheiro. gosto de fazer isso para, além de ter uma micro-sensação de controle, mostrar o quanto sou boa de matemática proto-financeira. pedimos a conta e eu fui pagar direto no caixa porque tínhamos pressa. com o dinheiro contado na mão, a moça do caixa me deu um número menor do que eu havia calculado. minha vaidade mental se sentiu ferida e eu quis provar que suas contas e não as minhas estavam erradas. logo, minhas colegas de van estavam ao meu lado tentando entender a confusão numérica e prontas para contribuir com informações que logo sanassem o problema.
problema que foi logo extinguido - na visão delas - tão logo souberam que eu queria pagar mais do que me era cobrado. “considere desconto!” viraram as costas e foram para a van. com um pouco de esforço, descobri que o garçom se esquecera de cobrar o refrigerante dois litros, paguei os três e oitenta que faltavam e tomei meu assento na van para voltar para casa.
me senti anormalmente surpresa com a solução simplista de minhas colegas: se a diferença é contra mim, brigue, se é a favor, sorria, diga muito obrigada e vá para casa com seu insignificante prêmio de malandro que passou a perna em otário .
no mesmo dia, mais cedo, na aula de filosofia, me queixei, em um debate, da nossa extrema falta de honestidade. sim, nossa: minha, sua e de todos que nasceram e foram criados aqui, no país do futuro. otário é quem não pega três e oitenta que a moça esqueceu de cobrar no pit-dog. idiota é quem não escorrega para a carteira um cheque de seiscentos reais em uma comissão de formatura. um completo mentecapto é aquele que não aceita calado mensalão e ainda perde mandato por não conseguir derrubar quem lhe ofereceu o dito-cujo.
vou me mudar para a finlândia e nunca mais baixo música na internet.