recebi um cachê de 500,00 nesta semana. com a grana na carteira, mas devendo o cartão de crédito, fui dar um rolê pelos supermercados e shoppings de goiânia para comprar dois presentes de natal e um sapato branco. os presentes, eu queria comprar por causa do natal (dãrt!) e o sapato branco porque cansei de usar sapatos emprestados sempre DOIS números acima do meu para apresentações teatrais.
andei, andei, andei, peguei um monte de coisas nas prateleiras e devolvi. estava decidida a não gastar meu suado dinheirinho a toa. não achei o sapato. cheguei ao flamboyant faltando 35 minutos para fechar. olhei, olhei, comprei os presentes baratinhos e achei um sapato de R$ 60,00. decidi não compra-lo no shopping e procurar um mais barato no centro. fiquei andando à toa quando eu a vi. bem, na verdade, a revi. uma bota tanara de 200,00 paus. "na promoção" ainda disse o vendedor. me controlei e fui perambular pelo flamba até dar o horario de fechar.
voltando para onde estava estacionado o carro, passei pela loja e ela ainda estava aberta, apesar do horário oficial de fechamento já ter passado. malditos capitalistas! entrei na loja olhando a vitrine e, feito um zumbi, perguntei ao vendedor se ele tinha o número 37. o desgraçado tinha. experimentei o sapato por cima da calça, por baixo da calça, andei pela loja me namorando no espelho pensando o quanto ele era caro para mim. "o couro da bota tem um tratamento especial que o torna resistente a líquidos. pode derramar cerveja que é facil de limpar." "ok vou levar." e lá se foram R$ 190,00 do meu cachê (sim, eu pedi desconto por pagar a vista e com dinheiro).
foi irresistível. um sapato lindo combinado com uma boa lábia de vendedor. ele olhou minha cara e falou exatamente o que eu queria ouvir. aposto que, se eu fosse um padre querendo comprar aquela bota ele diria: "o couro da bota tem um tratamento especial que o torna resistente a líquidos. pode derramar vinho ou água benta que é facil de limpar."